sábado, 28 de março de 2009

Uma hora por dois e cinquenta

Quer diversão e diversidade por preço baixo? Entre no “332” sentido rodoviária por volta das cinco da tarde às sextas-feiras. Tudo começa com o festival da saia indiana e as rasteirinhas de couro, tem o lado masculino com os dreadlocks, rastafaris e as barbas inspiradas no Chê. O papo é sempre o mesmo: “minha linha de pesquisa é...” “na dissertação vou seguir a dicotomia do...” “a sinergia da osmose será vista do prisma tecnológico e também sensorial do caso extremo pesquisado pelos gregos...” Mas na verdade eu percebo que eles pesquisam até quando o investimento do papai pode bancar a rebeldia juvenil. Não é bom falar muito, pois sabemos que é dali que surgem os grandes pesquisadores, ministros, secretários e alguns “aloprados” que conhecemos no cenário nacional.
Opa! Mais um ponto: agora é próximo da outra instituição. Entram as garotas das bolsas e malas das marcas famosas. Não conheço bem, mas percebo que a pirataria não é a praia deste pessoal. Os “caras” de barba feita, gel no cabelo e corpo malhado em academia de primeira se divertem nas epopéias. Os papos são sempre entorno das festas e das repúblicas. “Nossa veio, mó legal a festa “open-bar” de ontem, chapei de Absolut e Blue Label. Acordei legalzim e fui pra prova de Comércio Exterior!”
Logo que o ônibus passa perto das pequenas e singelas casas e condomínios, entram as diaristas que estão voltando para o outro extremo da cidade. Cabelo ainda molhado e alguns pingando água por entre os elásticos que seguram a armação. Sacolas do Extra com alguns presentes doados pela “patroa”. A conversa algumas vezes é sobre o culto e as orientações do pastor, mas tem também uma troca de informações sobre a vida dentro da casa dos “senhores”: um pouco de traição, cardápio, brigas, mesquinhez – coisa de novela!
Os óculos de sol e o tocador de música – neste caso, os originais e mais modernos do mercado - são as melhores armas usadas pelos educados estudantes. Sentam nos bancos do “busão” e nada veem ou ouvem. Pode parar uma senhora com inúmeras sacolas e quase caindo nas curvas, eles continuam não vendo nada.
A situação fia mais tensa quando o ônibus passa pela região central da cidade e tudo para. Quinze minutos e um quarteirão, as lojas fechando e o horário do outro ônibus se aproximando, emoção total. Nem os melhores brinquedos do “playcenter”, nos anos 80, eram capazes de despertar tamanha emoção.
Ponto final. O 332 entra na plataforma do Terminal. As portas são abertas e a prova dos 300 metros com barreiras começa! Pula mala, sobe escada, desvia dos retardatários, entra na fila e volta para casa em outro ônibus! Ou seja: outra história...

Um comentário:

  1. gente, não é que é assim mesmo?! hahaha
    ainda bem que já passei dessa fase! haha
    beijocas saudosas.

    Lila

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